Aos 90 anos, Bibi Ferreira mostra que talento não tem data de validade

13 de agosto de 2012

Após estrear no Rio de Janeiro, a diva do Teatro chega a São Paulo com o espetáculo Bibi, História e Canções, que fica em cartaz até 30 de setembro no Teatro Shopping Frei Caneca.

Aos 90 anos, a filha do Procópio Ferreira, entra no palco disposta, animada, divertida e segurando o exigente público paulistano na vóz.

Dirigida po João Falcão, Bibi relembra as canções que marcaram a trajetória de nove décadas de vida. Passa pelo que de melhor produziu a música a do século 20. Vai das grandes óperas e musicais da Broadway à clássicos da MPB e do Hino Nacional à musicas francesas da Edith Piaf. ” vivo às custas da diva francesa há 27 anos”, brinca a Diva brasileira.

Entre uma música e outra, se diverte com os esquecimentos, faz piada da própria idade e reclama da imprensa “após os jornalistas divulgarem meus 90 anos, não consegui mais arrumar namorado”, comenta durante o show ao comunicar que continua disponível, mas se na vida pessoal está sozinha, na música ela divide o palco com o maestro Flavio Mendes e chama o amigo e empresário Nilson Raman para uma participação . Após o espetáculo, Nilson conversou com a Agencia de Noticias ClaCridéias e antecipou que eles já preparam turnê internacional. “Vamos nos apresentar em novembro em Nova York e também na abertura do ano do Brasil em Portugal”, finaliza.

Após o espetáculo e receber comprimentos de amigos, Bibi Ferreira convida apenas a imprensa para uma entrevista no palco. Minutos depois, ouve-se os passos firmes do salto alto em assoalho de madeira saindo do camarim. Sem óculos de sol, frequentemente usado nas entrevistas, e segurando uma caneca na mão, que desta vez não era do Programa do Jô e sim da produção do espetáculo, a cantora falou com a restrita platéia, formada apenas por fotógrafos, cinegrafistas e jornalistas. Falou da trajetória profissional que chega aos 71 anos de profissão e citou nomes de companheiros de musicas como Baden Powell e Elizete Barroso. ” A música chegou primeiro que o teatro na minha vida, embora nunca gostei de estudar, e não costumo falar isso para não dar exemplo aos jovens de 13 e 14 anos. Adorava cantar, brincava com as operas porque sonhava em ser uma cantora lírica. Estudei instrumentos, violinos e como filha do Procópio, conheci muita gente boa que frequentava a minha casa em função do meu pai”.

Do lado de fora do camarim, famosos circularam pelo hall do teatro. O escritor Silvio de Abreu que saiu encantado com o espetáculo comentou, “…a voz dela continua poderosa.”, afirma o diretor ao mencionar que se emocionou com a execução de Samba de uma nota só, com a letra da canção do Exílio. “…mas o que mais me impressionou, foi ver a Bibi Ferreira no mesmo palco onde cantou a quase quatro décadas atrás a Gota D’Água, de Chico Buarque. Silvio aproveita a nostalgia para falar do remake da novela Guerra dos Sexo, escrita em 1983 e que será nova trama das 19 horas na TV Globo, substituindo Cheias de Charme. ” …mesmo a primeira versão sendo um clássico, 30 anos se passaram e adaptamos aos dias atuais para que o telespectador aprecie um produto novo”, comenta Abreu.

Para o Bruno Fagundes, que reuniu os pais Mara e Antonio Fagundes em noite de estréia de Bibi Ferreira na capital paulista o mais espantoso foi quando ela mostra a potência da voz cantando o Brinde da Traviata e a Cavatina de Fígaro com letras de sambas brasileiros. ” Cantar as musicas O Teu cabelo Não Nega e Nega do Cabelo Duro ao som de músicas de Rossini e Verdi ficou divertido e não perdeu a beleza”, afirma o ator.