Evita – Um musical que o tempo não apaga
Nem mesmo o tempo conseguiu envelhecer essa obra prima.
A montagem original de Evita estreou em 1978 em Londres, com vendas antecipadas de ingressos na casa das 500 mil libras, o que rendeu, além do sucesso de bilheteria, os principais prêmios do teatro londrino. No ano seguinte a produção ganhou a Broadway e com as memoráveis performances de Patty LuPone e Mandy Patinkin, recebeu sete dos principais Prêmios Tony.
Mas após 20 anos, a Big Apple se tornou pequena para este musical. Faltava um acorde! E Hollywood deu o tom final do sucesso quando o cineasta Alan Parker dirigiu Antonio Bandeiras e Madonna, no filme Evita, conquistando o público de todas as idades e o Oscar de melhor canção para You Must Love Me, composta especialmente para o filme.
E se coincidências existem, enquanto o presidente americano Barak Obama esteve no Teatro Municipal do Rio de Janeiro arriscando algumas palavras em Português, o espetáculo da Broadway foi lançado no Teatro Alpha de São Paulo, com versão brasileira de Cláudio Botelho e cantado integralmente em português
Com letras de Tim Rice, músicas de Andrew Lloyd Webber e direção de Jorge Takla, Evita conta a historia fascinante de Eva Perón e de seu marido, o general Juan Perón, na sua incrível trajetória dos cabarets de tango em Buenos Aires até a Casa Rosada. Aos 33 anos o mundo perdeu Evita e nasce o Mito da Argentina que conseguiu mobilizar multidões. O musical é narrado pelo personagem Che, que simboliza a consciência da personagem principal e do Povo.
As interpretações em tom lírico e as falas todas cantadas foram protagonizadas por Paula Capovilla no papel principal, Fred Silveira como Che e Daniel Boaventura , no papel do presidente argentino Perón, que em entrevista para Clacrideias confessou que para compor o personagem recebeu um vasto material de DVD, e muitas informações da época, livros e o fato de colecionar atuações consagradas em espetáculos como A Bela e a Fera, Chicago e My Fair Lady, não foi um agente facilitador para a sua escolha. “Tive que passar por todo o processo criterioso de seleção”, afirmou.
No palco, além de Daniel brilham 45 atores, 20 músicos, 350 figurinos e projeções de vídeo e um material rico de fotos , dando a dimensão do contexto da época.
Com orçamento de 4 milhões de reais, o espetáculo traz figurinos luxuosos, com réplicas das roupas de Dior, grife preferida de Evita.
Diretor Jorge Takla
Claudia Cristina – Depois que você praticamente inaugurou essa onda de adaptações de obras da Broadway por aqui, com Lés Miserables, A Bela e a Fera e O Rei e Eu, o que te motivou a montar Evita?
Jorge Talka – Evita é a peça que melhor envelheceu musicalmente. As outras são cafonas. Alem disso a personagem Eva Perón é real, fascinante e humana.
Claudia Cristina – Cada temporada conquista mais público que consome musicais, acredito que essa nova plateia facilitou a comercialização de mais uma obra Teatro Musical?
Jorge Takla – Não é bem assim, um espetáculo como Evita é extremamente caro, o aluguel do teatro é alto, os impostos são caríssimos e sem patrocínio muitos deles não são realizados. Eu costumo correr riscos. Produzo sozinho.
Claudia Cristina – E a lei Rouanet para captação de recursos? Funciona?
JorgeTakla – Pura burocracia. É complicado, mas sem a lei, os espetáculos grandes seriam inviáveis. Para você ter uma ideia para pagar aos atores e técnicos salários dignos, tenho que ter bilheteria com 100 % de lotação, seis dias da semana. Sem a lei Rouanet o ingresso subiriam para R$ 500 reais.
Claudia Cristina – Como você consegue produzir, dirigir e captar simultaneamente?
Jorge Takla – Algumas pessoas fazem Pret à Porter. Eu faço a alta costura. Prefiro produzir poucos espetáculos mas cuidar bem de tudo.
Claudia Cristina – Você não consegue delegar?
JorgeTakla – Não. Pode até ser um defeito, mas gosto de controlar a produção, fazer contato com patrocinadores, dirigir os atores, criar cenários, acompanhar a bilheteria. Essa é minha vida.
Claudia Cristina – Se tivesse budge, você escalaria a Madonna, que foi a Evita do cinema, para essa interpretação com versão brasileira?
Jorge Takla – Claro que não. Ela não conseguiria cantar sem playback.
O novelista Silvio de Abreu também clacriclou e disse que atualmente, em função do leque de musicais em cartaz, os atores se preparam mais e enfrentam aulas de canto e dança. “De alguns anos para cá, passou a existir mercado para o artista e também teatros com capacidade para abrigar um musical”, afirmou o dramaturgo ao recordar a dificuldade que enfrentou em encontrar atores quando escreveu o espetáculo Não Fuja da Raia.
Vejam quem prestigiou a estreia do Musical e levou de brinde um perfume da Dior e ainda saboreou um delicioso Jantar Portenho, regado a champanhe e alfajor.
Serviço:
Musical – Evita
Local: Teatro Alfa – R. Bento Branco de Andrade Filho, 722
Tel. 5693.4000 e 0300 7893377 – Site: www.teatroalfa.com.br
Estreia: 26 de março, sábado, 21h
Temporada: 26 de março até 31 de julho