Jô Soares estreia o espetáculo Atreva-se
Quem entrar no teatro das Artes, dentro do Shopping Eldorado, para assistir “Atreva-se” pode, em algum momento, sentir como se estivesse no cinema, vendo um filme Noir, gênero usado no anos 20 que priorizava o contraste do preto e branco para pontuar os mistérios dos personagens.
Dividido em quatro takes A Mansão, O Medo, O Pacto e De Volta à Mansão, a peça traz referências de clássicos do cinema como Frankenstein, Rebecca, Laura e Expresso para Berlin
O diretor Jô Soares, fã de filme Noir, resolveu levar a paixão para os palcos em uma verdadeira Zorra. É isso mesmo, três dos atores que compõe o elenco, Marcos Veras, Julia Rabello e Mariana Santos, interpretam personagens do Programa da rede Globo Zorra Total, exibido aos sábados após a novela Avenida Brasil
No mesmo tom das obras do mestre do suspense, Alfred Hitchcock, a trama começa cheia de mistério e se passa em uma mansão à venda, em 1963, negociada por um corretor de imóveis a uma empolgada cliente.
Durante a peça, a ação volta no tempo, precisamente para 1929, e foca os antigos moradores. Depois, avança aos anos 1940, para retomar à época inicial.
A partir daí, a história volta no tempo para investigar as situações misteriosas e cômicas que ali foram vividas, com forte tom surrealista e cheias de questões mal explicadas.
Quatro sequências diferentes, passadas na mesma mansão, transitam entre o humor e o mistério. Em cada uma delas, o público conhece novos personagens interpretados Marcos Veras, Júlia Rabello , Mariana Santos e Carol Martin.
Cada ator vive, ao menos, dois papéis em épocas diferentes e cada uma delas é ligada cenicamente por intervenções da atriz do Zorra Total, Mariana Santos, que interpreta uma lanterninha do cinema antigo.Vestida de vermelho ela caminha pela platéia com muita desenvoltura e improviso, a atriz faz seu próprio stand up particular, levando o público à gargalhadas e questionamento sobre o mistério dos personagens.
Para o crítico de filme Rubens Ewald Filho, que aplaudiu de pé na primeira fileira da platéia, o espetáculo tem trilha, luz, figurino e cenário que lembram os filmes produzidos para o cinema.
Após a estréia o crítico fez uma análise cinematográfica da obra adaptada para Teatro. ” O cenário em preto e branco relembram o estilo de produções antigas, mas o tom de humor na verdade faz uma sátira àquelas obras de suspense”, comenta Ewald.
A peça toda é em PB, construída com móveis e utensílios sofisticados de três épocas distintas, trazendo fotos de artistas de Hollywood correspondentes aos períodos retratados.
Para o ator Dan Stulbach, que trocou as telas da TV para o rádio, aonde apresenta, semanalmente, na rádio CBN o programa Fim de Expediente,
a direção do Jô garante um acabamento luxuoso. “Atreva-se é uma peça elegante e tem a proposta de teatro contemporâneo”. Afirma o ator que ainda prossegue “…é uma comédia para se levar à sério”, comenta Dan ao site ClaCridéias ao enfatizar que a direção de Jô Soares garantiu um acabamento luxuoso.
Após o espetáculo Marcus Vera e a esposa Julia Rabello, pousaram para as fotos. O casal que vive em ponte aérea entre o Rio e São Paulo, comentou que o fato de serem casados favoreceu a escolha do Jô Soares. Pura modéstia, Marcos e Julia driblaram a platéia com suspense cômico.
Tamanha familiaridade com o palco ficou evidente nos últimos anos. O protagonista, Marcos Veras, é talento emergente da cena carioca de “stand-up” e figura conhecida em programa televisivo de grande audiência, o “Zorra Total” (da Rede Globo) e agora com participação efetiva no programa Encontros com Fátima Bernardes. Contracenando com Veras, e como ele dobrando em diversos papéis, Júlia Rabello traz a experiência de produções teatrais mais ambiciosas artisticamente e mais dramáticas, mas revela na peça Atreva-se um excelente tino cômico.
Do elenco, a atriz Carol Martin, que também já sentou no sofá do Jô Soares durante uma entrevista em que ela contou toda a sua trajetória profissional, conseguiu finalizar a participação do Talking Show com o Ahhhh da platéia e um convite do apresentador para integrar a equipe.
A atriz que cresceu em um um orfanato, longe de seus sete irmãos, garantiu que desde pequena gostava de fazer imitações das celebridades.
“…eu imitava a Sandy, Ivete Sangalo e Gabriela Duarte”, confessa a atriz que nos últimos anos viajou pelo Brasil com o show “Matando de Rir”, foi integrante do Programa Pânico da Jovem Pan e que atualmente se dedica exclusivamente à Peça Atreva-se.
Para a exclusividade a atriz explica a razão.”Parei com os trabalhos paralelos para me dedicar exclusivamente a essa oportunidade de ser dirigida por Jô Soares, que na verdade é um gift do Universo”. Finaliza a atriz que deu um show de interpretação cênica.
Até chegar na mão do Jô Soares, o texto de Marcos Guilherme ficou engavetado por 20 anos e somente foi resgato pelo incentivo de uma amiga do escritor.
” inicialmente a peça não foi escrita para o formato de teatro, decidi transforma-la após mostrar para a minha amiga redatora Luciana Sendyk que me incentivou”, revelou Maurício ao lembrar que a maior dificuldade não foi desengavetar o projeto de 20 anos, mas a sonoplastia.
“Todas as cenas tiveram ritmo de cinema e a trilha sonora foi outro aspecto muito trabalhado para garantir a estética cinematográfica”, finaliza o autor.
ATREVA-SE
QUANDO: de qui. a sáb, às 21h30, dom., às 20h; até 2/9
ONDE: Teatro das Artes (Shopping Eldorado – av. Rebouças, 3970; tel. (11) 3034-0075
QUANTO: de R$ 50 a R$ 60
CLASSIFICAÇÃO: 14 anos