A modelo Naomi Campbell detona a indústria da moda
Ela nunca teve medo de falar o que pensa, principalmente sobre racismo. Para a supermodelo, a indústria visa apenas o lucro para justificar a intolerância.
Naomi Campbell, a amiga e top-model Iman Abdulmajid e a ex-agente Bethann Hardison, formaram, em 2013, a “Coalizão pela Diversidade”, que pediu o fim da intolerância racial. Sabe o que foi feito a partir de então? Nada, absolutamente, nada. Um exemplo foi o desabafo da modelo Nykhor Paul: “Estou cansada de reclamar por não ter sido chamada para um trabalho como modelo negra e eu estou definitivamente muito cansada de me desculpar pela minha negritude”.
Segundo Naomi, o racismo é causado pela ignorância ou “territorialismo“, para ela, a indústria se recusa a fazer mudanças reais. Nykhor Paul tem a mesma opinião: “As pessoas que controlam a indústria da moda têm uma responsabilidade moral que eles não podem simplesmente ignorar. O lucro não pode ser uma justificativa para a intolerância e racismo”.
Naomi cuida de um grupo de modelos negras mais jovens: “Eu tenho que cuidar das minhas babies. Muitas delas tiveram seu coração partido nessa temporada em Paris. Eu recebi as ligações e as mensagens de texto”, falou. No grupo estão Jourdan Dunn, Joan Smalls, Malaika Firth e Riley Montana, entre outras.
A indústria da moda tem falhado na “Coalizão pela Diversidade” e outros conseguiram piorar a situação. Mas Miuccia Prada está fora dessa. “Miuccia tem sido maravilhosa”, disse Naomi. No desfile de inverno 2015, a italiana colocou na passarela Aya Jones, Amilna Estevão, Lineisy Montero e Mica Arganaraz, que estão entre as melhores modelos negras iniciantes.
“No final dos desfiles de 2014, 6,8% das modelos eram negras e 7,9% asiáticas. Nada bom”, falou Naomi. Diante dos números, 85,3% das modelos que representaram as maiores marcas do mundo eram brancas.
“O que nós queremos dizer é que nós não somos uma tendência! Não deveria funcionar assim”, comenta a modelo ao enfatizar que trabalhou por 28 anos para que isso seja uma uma regra.
“Se a indústria enxerga modelos negras como uma tendência, que vai e volta dependendo da estação, então realmente estamos com um problema bizarro”, comenta Naomi ao enfatizar que não há só uma cor que entra na loja e compra roupas e ainda indaga. “…por que as negras não podem se sentir representadas nos desfiles?”, finaliza