SPFW Segundo dia: Alta-costura, grafismos, desfile em iPad e xepa fashion
Terça-feira de São Paulo Fashion Week começou com o desfile de Paula Raia lá no Jardim Europa e terminou como se fosse uma feira popular, com os convidados avançando sobre araras de peças criadas por Karl Lagerfeld para a Riachuelo. A verdadeira xepa fashion!
No segundo dia de SPFW, tivemos Paula Raia, Osklen, Vix, Lolitta, Adriana Degreas, A. Brand, Juliana Jabour, Patbo e Karl Lagerfeld para Riachuelo.
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É sempre uma experiência fascinante ir ao desfile de Paula Raia. Ele acontece em sua casa no Jardim America e, na calçada, imprensa e amigos da estilista se aglomeram para entrar, todos recebidos pelos olhares curiosos de seus dois filhos.
Os vestidos da passarela começaram brancos e, ao longo do desfile, sofreram a ação do tempo, ficando puídos ou amarelados. Um degradê que foi se impondo com naturalidade e beleza. Os materiais seguiam a mesma regra. Mostravam a ação do tempo, e o desgaste, do acúmulo de plantas e poeira.
O look que abre o desfile é de seda, com trabalho de feltragem manual, o que dá a ele um aspecto de sonho, um vestido de nuvem. Há bordados que parecem plantas que foram brotando na roupa e referências aos desenhos que a areia cria quando vai se acumulando, que vemos na modelagem, com camadas de tecidos e bordados, como no ultimo look, usado por Daiane Conterato, um dos mais fortes da apresentação.
Na maquiagem assinada por Ricardo dos Anjos, a pele nada com um toque de cor dado pelo blush na maçã do rosto e os lábios hidratados fizeram o rosto das manequins.
Desfile apenas com as roupas em araras e Ipads? Sim, há novas formas de mostrar coleções além das passarelas. Foi isso que a Osklen fez em uma de suas lojas em São Paulo.
Dividida em três blocos, a proposta da Osklen foi trazer o bloco de linho amassado, bem ao encontro do conforto em que as grifes estão apostando, os neoprenes bordados com cristais, tecido que a grife de Oskar Metsvath sempre usou e agora sofistica mais, e os lenços. Nesta última, as opções são fazer amarrações, caftãs, saias, macacões e o que quiser.
Para entender, fotos exibidas nos iPads mostravam as peças vestidas. Mais uma viagem de Oskar Metsavaht, agora para a ilha fictícia de Monbupurih, onde natureza e tecnologia convivem pacificamente.
Com shapes soltos e desconstruídos, bem diferentes da estrutura arquitetônica que costuma pontuar as coleções da Osklen, as roupas traziam essa ideia de estrutura em detalhes como franzidos, recortes nas costas, tudo de maneira mais fluída e solar.
A Vix, da estilista Paula Hermanny, estreou em passarelas brasileiras com apresentação em que os convidados ficavam ao lado de um corredor armado com palmeiras e folhas, enquanto as modelos em blocos entravam e se revezavam na frente, para as fotos.
A criadora do biquíni que empina o bumbum continua apostando na calcinha franzida que lhe garantiu fama mundial, porém, dessa vez a calcinha ganha contornos e cartela de cores mais sóbria, numa coleção inspirada em mulheres chiques de férias em lugares paradisíacos do sudeste asiático.
Há momentos mais vibrantes e pé na areia, como o pink do biquíni de cortininha usado por Ari Westphal, ou os também cortininhas clássicos em azul royal e tom de pele rosado. Em outros, os tops maiores e maiôs engana mamãe aparecem como alternativa para praia e pós-praia. As roupas – há muitas delas – trazem o frescor chique do linho e da seda, com estampas clássicas como a listrada e acabamentos artesanais como os aviamentos feitos à mão.
A Lolitta trouxe uma coleção iluminada e colorida para seu verão 2017. A estilista Lolita Hannud é especialista em tricô, principalmente naquelas faixas de elastano que modelam o corpo das mulheres peças de estilo bandage, justas ao corpo. Já faz um tempo que ela está ampliando a silhueta, em alguns looks. Desta vez, não foi diferente. Com inspiração nas cores, o resultado foi lindo, leve e vibrante.
O desfile foi aberto com produção branco, de vestido mídi em trama mais aberta e maxicolete. As mesmas peças finalizaram a apresentação em laranja, o tom da passarela de acrílico. Entre elas, uma profusão de vestidos com faixas verticais e horizontais, ora com esferas de acrílico arrematando nesgas verticais e torcidas, ora com laços unindo as faixas de tricô com elastano. Se a inspiração foram as cores, elas não faltaram.
Variações de pink, amarelo, laranja, vermelhos, nudes, verdes e azuis passaram pela passarela. A geometria esteve presente nas listras mais largas ou mais finas, trabalhadas em “ton sur ton” e degradês.
A estilista Adriana Degreas se inspirou na Indochina francesa para fazer sua moda praia extremamente sensual e elegante. Se quimonos e calças tipos samurais apareciam em looks, ideias inusitadas serviam como a parte de cima dos biquínis. Uma delas era o sutiã de cones de acrílico de tartaruga, ou até as argolas do mesmo material que finalizavam calcinha e sutiã.
O grafismo que virou marca registrada da moda praia de luxo de Adriana Degreas agora aparece também nos volumes sanfonados, plissados dobrados que dão efeito de babado aplicados manualmente na lycra.
Henrique Martins que assinou a beleza do desfile se jogou no mix de cores deu destaque aos olhos e boca enquanto as sobrancelhas continuavam descoloridas e naturais.
O lançamento da coleção-cápsula de Karl Lagerfeld para a Riachuelo causou frisson na plateia, quando ao fim do desfile, capitaneado por Isabeli Fontana, araras e mais araras das peças criadas pelo alemão foram colocadas na passarela para venda imediata. Isso tudo para levar o novo conceito “see now buy now” às últimas consequências!
O clima era de fim de feira. Todo mundo queria aproveitar a oportunidade para comprar uma das peças que custam entre R$ 39,90 e R$ 399,90.
Para os amantes do estilo do kaiser da moda, diretor criativo da Chanel e da Fendi, a coleção da Riachuelo é um prato cheio. Repleta de peças que são a marca registrada não só do look pessoal do estilista mas do que ele propõe em sua grife própria, a linha oferece a divertida logomania da silhueta do rosto de Lagerfeld tanto em t-shirts como formando pied-de-poules em calças skinny e camisas de manga longa, além de estampar as botas de cano curto, bico fino e salto alto e as bolsas matelassadas com o perfil de Lagerfeld!
O tweed, clássico francês e símbolo da Chanel, aparece num conjuntinho de casaqueto e minissaia, numa referência à conexão do designer com a maison.
Daniel Hernandez mais uma vez deixando o no make mais sofisticado. Desta vez, as manequins usam apenas blush rosado para destacar as maçãs do rosto e lábio hidratado. Sobrancelhas?! Sem muito desenho, do jeito que vieram ao mundo!
As mais bem vestidas do street style no segundo dia de São Paulo Fashion Week foram: Isabella Fiorentino, Bárbara Evans, Gisele Itié e mais uma vez, Mariana Weickert.